O Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) Equipamentos, do governo federal, deve salvar a produção de
ônibus em 2012. Anunciado no dia 27 de junho, o plano previu
investimentos de R$ 8,4 bilhões para a aquisição governamental de
veículos e equipamentos, entre eles 8.570 ônibus destinados ao
transporte escolar. Essa quantidade representa mais da metade de tudo o
que as empresas
fabricantes de carroçarias produziram no primeiro semestre do ano,
16.236 unidades, conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de
Ônibus (Fabus).
O presidente da Fabus e membro do
Conselho de Administração da Marcopolo, José Antonio Fernandes Martins,
diz que o PAC Equipamentos será responsável por quase um quarto do
volume produzido ao final de 2012. "Se não houvesse PAC Equipamentos
fecharíamos o ano com perda de 25%", afirma. Os veículos
já estão sendo produzidos. Apenas a Marcopolo, empresa que tem 12 mil
empregados no Brasil, será responsável por quase metade deles. Os 8.570
ônibus do PAC Equipamentos serão utilizados na renovação da frota de
veículos escolares do programa Caminho da Escola, destinado a estudantes
matriculados na educação básica da zona rural das redes estaduais e
municipais.
O pacote retomou a produção de
ônibus no País que havia caído este ano. A legislação de emissão de
poluentes obrigou o segmento a se adaptar à tecnologia Euro-5, que
utiliza um diesel menos poluente (S-50) no motor. Isso provocou uma
antecipação das compras
de veículos por parte das empresas frotistas e levou o ano de 2011 ao
recorde de 35.810 unidades produzidas, sendo 4.044 voltadas à
exportação. Além disso, a desaceleração da economia em 2012 derrubou a
demanda por ônibus rodoviários e turísticos. "As pessoas temem por seus
empregos e reduzem as viagens das famílias", explica Martins. "O ônibus é
um termômetro muito característico da economia do País."

O presidente da Volvo Bus Latin America,
Luis Carlos Pimenta, coloca na lista mais um fator de retração do
segmento: o calendário eleitoral brasileiro. "Normalmente as frotas
urbanas são renovadas antes e não no ano da eleição", afirma. O
transporte público urbano representa cerca de 50% das vendas de ônibus
no País. Os veículos rodoviários, mercado em que a antecipação das
compras associadas à troca de tecnologia foi mais evidente, respondem
por aproximadamente 25%. E é nesse nicho (semipesados ou superior) que a
Volvo tem maior presença.
Copa
Pimenta diz esperar retomada significativa
da produção de motores e chassis de ônibus no segundo semestre, com o
terceiro trimestre já demonstrando um desempenho "muito forte". Para
2013, a expectativa é de aumento do mercado, impulsionado pela demanda
de veículos do tipo BRT (Bus Rapid Transit, na denominação em inglês) -
ônibus articulados que trafegam em canaletas específicas -, sistema que
será utilizado em cidades-sede da Copa do Mundo. "Creio que 2013 será um
ano bastante bom", afirma.
A mesma expectativa positiva tem a
fabricante de carrocerias Comil. A empresa gaúcha, de Erechim, registrou
queda de produção em 2012, com a previsão de recuo de 10% ao final do
ano. Mas aposta em retomada no terceiro trimestre e em um próximo ano de
crescimento. "Teremos um terceiro trimestre de recuperação, com o
último período do ano ainda melhor", afirma o diretor-geral da empresa,
Silvio Calegaro.
A Comil anunciou no último dia 24
investimento de R$ 110 milhões para a construção de uma unidade em
Lorena (SP), no Vale do Paraíba, onde vai fabricar ônibus urbano.
Prevista para ficar pronta em meados de 2013, a fábrica vai produzir 20
ônibus urbanos por dia, o que praticamente dobrará a capacidade da
Comil, hoje em 4.000 veículos anuais. "Acreditamos brutalmente no futuro
do ônibus no Brasil", diz Calegaro.
Fonte: Agência Estado
Fotos: Divulgação