História da Expresso Ipu Brasilia narrada por um ex-gerente da empresa

O MOB Ceará recebeu um e-mail de Glaydson Lima, advogado e filho do Sr. Antônio Carlos de Lima, que foi o fundador da Expresso Ipu Brasília.


Ele achou um documento antigo escrito pelo então gerente da empresa, o Sr. Sila Herculano, narrando do começo ao fim os principais acontecimentos da companhia.

Leia o conteúdo do documento:

"Em 1958, um jovem IPUENSE de nome JOSÉ CARLOS SOBRINHO, trabalhador e de larga visão, concluiu que com a construção de Brasília e a seca que assolava o Ceará, iria haver um número elevado de deslocamentos de pessoas do Ceará para o Serrado Goiano a procura de trabalho, e para chegarem até lá, seria necessário transporte, e, como não existia na época nenhum tipo de transporte ligando as duas regiões, não vacilou, e de imediato tratou de comprar um caminhão novo, pois o que na época usava para fazer fretes na cidade de Ipu, não era confiável para utilizar naquele tipo de serviço (TRANSPORTE DE VIDAS HUMANAS), por vários motivos: as condições de estradas carroçáveis que eram de piçarra, os lugarejos distantes um do outro e o tempo que iria ser gasto do início ao termino da viagem. Era temerosa a sua utilização. Antes mesmo de receber o CHEVROLET novo, mas sabendo a data que receberia, já equipado como PAU DE ARARA, começou a anunciar nas radiadoras da cidade de Ipu e cidades vizinhas o dia em que sairia a primeira viagem com saída de IPU, no horário de 07:00hs, com destino a futura CAPITAL DO PAÍS. O número de lugares no PAU DE ARARA era 60. Uma semana antes, já não existiam vagas, mas como era uma viagem experimental, e não sabia como seria o retorno, preferiu só anunciar a nova saída quando retornasse. Como o retorno foi um sucesso, o senhor JOSÉ CARLOS resolveu anunciar que as viagens seriam semanais. A viagem era feita em 48(quarenta e oito)horas, perfazendo 96(noventa e seis)horas de ida e volta, restando da şemana 36(trinta e seis)horas entre a chegada e a nova saída em cada terminal para descanso dele e do auxiliar, e revisão do caminhão. Essa rotina foi mantida até que o DNER, em 1966, proibiu o transporte de pessoas em PAU DE ARARA. Diante da proibição, a ele só restou uma opção, colocar uma carroceria de ÔNIBUS no CHEVROLET. Ao receber o ÔNIBUS, verificou que só tinha 28 (vinte e oito) lugares e, com base nos ônibus da época que eram de 36 (trinta e seis) lugares, havia autorizado vender só 35 (trinta e cinco) passagens, objetivando deixar um lugar para o auxiliar. Com o problema surgido pelo número de lugares, a alternativa encontrada foi colocar 08 (oito) banquinhos no corredor do ônibus para os passageiros que estavam sobrando das 27 (vinte e sete) poltronas disponíveis, uma vez que a vigésima oitava seria utilizada pelo auxiliar, e, assim permaneceu até o ônibus de número 66 (sessenta e seis) ser retirado da frota. Ao tentar registrar a firma no DNER, tomou conhecimento de que era exigido pelo menos 03 (três) ônibus para obter o registro, foi então que convidou aos irmãos FRANCISCO CARLOS DE LIMA E ANTÔNIO CARLOS DE LIMA para sócios, pois eram proprietários de caminhões e trabalhavam em São Paulo. Ambos aceitaram o convite, venderam os caminhões, compraram 02 (dois) ônibus e obtiveram o registro no DNER.

A linha passou a ser operada com 03 (três) ônibus, firma individual em nome de JOSÉ CARLOS SOBRINHO, formalizou-se a sociedade. O senhor ANTÔNIO CARLOS conta que quando viajava sozinho como motorista e efetuava parada para dormir, antes mesmo de conciliar o sono, os passageiros o chamavam para seguir viagem, ele então teve a ideia de comprar uma esteira de surrão e quando parava para descansar, descia do ônibus levando a esteira debaixo do braço e saia se escondendo por traz do ônibus e ia dormir escondido no mato.

Em 1968, já dispunham de 05 (cinco) ônibus, foi quando em comum acordo resolveram denominar a empresa de EXPRESSO IPU BRASÍLIA LTDA, e registraram na Junta Comercial em 23/10/1968, sob o número 1111/68, tornando-a oficialmente uma sociedade e cujo sócios eram JOSÉ CARLOS SOBRINHO, FRANCISCO CARLOS DE LIMA E ANTÔNIO CARLOS DE LIMA.


Em 1970, resolveram investir no transporte urbano, criando uma linha inter-bairro, ANTÔNIO BEZERRA/MUCURIPE, e para acompanhar o processo junto a Prefeitura, derem a incumbência ao irmão mais novo ANTENOR CARLOS DE LIMA, mais a importância de valor de Cr$ 1.000.000,00 (Hum milhão de cruzeiros), Cr$ 800.000,00(Oitocentos mil cruzeiros) conseguido com o financiamento de dois ônibus que a empresa transferiu para os compradores, para complementarem a entrada. Para receber o restante, a empresa colocou na justiça, e, dois anos depois, a justiça determinou que os carros fossem recolhidos à garagem da Expresso Ipu Brasília S.A., até que a divida fosse saldada. Foi então que os devedores venderam a linha ANTÔNIO BEZERRA/MUCURIPE, para a empresa IRACEMA, e saldaram a divida com a Expresso Ipu Brasília S.A.
 
 


As linhas FORTALEZA/CAMOCIM e FORTALEZA/DIVISA CE/PI, foram compradas da Empresa RÁPIDO MOSSORO, no ano de 1979, em 1980, foi comprada a linha IGUATU/TERESINA da empresa MIGUEL LEAL. Em 1981, foi criada a linha IPU/CROATÁ, e compradas as linhas SOBRAL/CAMOCIM, SOBRAL/BITUPITÁ e CAMOCIM/CANDINDÉ, da empresa AUTOVIÁRIA CEARENSE.


Em 1982, foi feito pedido da linha FORTALEZA/BELO HORIZONTE e a mudança de itinerário da linha FORTALEZA/BRASÍLIA que era via Belo Horizonte para que fosse praticado via IBOTORAMA. Em 1985, a linha de BELO HORIZONTE foi vendida para a EMPRESA SÃO GERALDO. Em 1987, houve a primeira cisão, o SENHOR JOSÉ CARLOS, que era o sócio majoritário, como já foi dito, retirou-se da sociedade, ficando com a linha FORTALEZA/BRASÍLIA e SOBRAL/BRASILIA, pois a linha IPU/BRASILIA já havia sido prolongada para SOBRAL e fundou a empresa VIPU. Os outros 03 (três) sócios, senhores ANTÔNIO CARLOS, FRANCISCO CARLOS e ANTENOR CARLOS, ficaram com as demais linhas, mas dois anos depois, venderam a linha de FORTALEZA/BELÉM. Houve nova cisão: retiraram-se da sociedade os senhores FRANCISCO CARLOS E ANTENOR CARLOS. As linhas interestaduais, IGUATU/TERESINA e as 02 (duas) CRATEÚS/TERESINA e as intermunicipais acima citadas, que antes pertenciam a todo o grupo, passaram a pertencer somente ao senhor ANTÔNIO CARLOS. A linha IGUATU/TERESINA foi vendida para EXPRESSO TIMBIRA LTDA, em 24/08/1989. A linha CRATEÚS/TERESINA via Tianguá foi vendida à EMPRESA BARROSO, em 23/10/1991. A linha CRATEÚS/TERESINA via "Nono" Oriente, foi vendida para a EMPRESA FURTADO. Em 17/03/1992, as linhas PADRE VIEIRA/CANINDE, TAUÁ/PIRAPORA, SOBRAL/SÃO BENEDITO e SOBRAL/CARNAUBAL foram vendidas para a EMPRESA SÃO GERALDO.

Foto: acervo - Lanusse Palmer


Quando os filhos do Sr. ANTÔNIO CARLOS, GLAYDSON e GLAUBER, passaram a tomar parte na administração da empresa, as linhas CAMOCIM/CANINDÉ, SOBRAL/BITUPITÁ e IPU/CROATÁ já estavam inativas por apresentarem baixa receita motivadas pelo infestamento do TRANSPORTE CLANDESTINO, ocorrido a partir de 1992. A partir daquele ano, o SENHOR ANTÔNIO CARLOS, preferiu ficar com as linhas FORTALEZA/CROATÁ, FORTALEZA/CARNAUBAL FORTALEZA/CAMOCIM, FORTALEZA/DIVISA CE/PI E SOBRAL/CAMOCIM, que permaneceram operando até o dia 18/11/2009.



Parou por força da licitação imposta pelo GOVERNADOR CID FERREIRA GOMES que, em sua prepotência, fez constar no edital uma série de exigências que a EXPRESSO IPU BRASÍLIA S.A, não podia satisfazer, razão pela qual deixou de concorrer. E, existe empresa que concorreu à insensata licitação, foi contemplada e não está cumprindo com alguns itens constantes no edital. O mais gritante é o caso da frota com idade máxima de 05 (cinco) anos com ar-condicionado. Tem empresa com frota fora dos padrões exigidos. O prepotente governador que pregoa melhoramento no transporte intermunicipal, prejudicou as empresas de menor porte, aos empregados que nelas trabalhavam e aos próprios usuários que deixaram de dispor das opções que antes dispunham."


Fortaleza (CE), 08 de junho de 2010.
José Sila Herculano Barroso.

1 Comentários

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  1. Eu cheguei a andar quando criança nos Venezas da Ipu Brasília na Ant. Bezerra/ Mucuripe.

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