Protesto fecha Rodoviária

Motoristas do transporte intermunicipal podem realizar uma greve geral na próxima terça-feira
Motoristas de ônibus de empresas do transporte intermunicipal e interestadual paralisaram as atividades e interromperam a entrada e a saída de veículos no Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, na manhã de ontem. A partir das 7h30, os motoristas esvaziaram pneus de ônibus estacionados na Rua Deputado Oswaldo Studart e fecharam o acesso à Rodoviária.

A intenção do movimento, que durou cerca de uma hora e meia, foi protestar contra excessivas jornadas de trabalho.

De acordo com um dos organizadores da mobilização, Carlos Jeferson, a manifestação foi motivada pelo descumprimento de normas, por parte, das empresas. O principal ponto é o não cumprimento do prazo mínimo de 11 horas de intervalo entre uma jornada e outra.

Outra reclamação decorre do fato de que alguns motoristas têm trabalhado por cerca de 30 dias sem nenhum dia de folga. Além disso, salientou, muitos profissionais reclamam do não pagamento de horas extras.

Conforme Carlos, as empresas que concentram o maior número de reclamações são: Fretcar, Guanabara, São Benedito e Princesa dos Inhamuns.

"Eu já saí daqui nove da noite, e cheguei no meu destino oito da manhã. Duas horas da tarde já tinha outra viagem", relata um dos motoristas que participaram do protesto.

Para aguentar a longa jornada de trabalho alguns motoristas ingerem comprimidos que servem como estimulantes para amenizar o sono. "Quem diz que não usa (comprimidos) está mentindo, porque não tem como (trabalhar sem usar)", aponta um motorista.

Segundo Jeferson, as dificuldades para os motoristas são maiores porque o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual (Sinteti), Francisco Gaspar, não tem apoiado as reivindicações dos trabalhadores.

Há cerca de um ano, afirma Carlos, tramita na 11ª Vara do Trabalho um processo que requer a realização de novas eleições para o sindicato. Carlos Jeferson, que é candidato de uma chapa de oposição à presidência do Sinteti, afirma que o Ministério Público do Trabalho será procurado nesta semana para intervir nas condições de trabalho dos motoristas e no impasse sobre o sindicato. Caso não haja nenhum retorno até a próxima terça-feira, informa, os motoristas deverão realizar uma paralisação geral.




Sem legitimidade
Por sua vez, o presidente do Sinteti, Francisco Gaspar, afirmou que o movimento realizado durante a manhã "não possui legitimidade" e foi realizado por manifestantes que desejavam atrair visibilidade e não protestar em favor de verdadeiras causas dos trabalhadores.

Sobre as denúncias de que o Sindicato não estaria apoiando a categoria, Gaspar refutou as acusações e afirmou que a entidade permanece atuante em prol dos motoristas.

Segundo o superintendente da Fretcar, Paulo Sarubbi, casos em que os motoristas extrapolam a jornada de trabalho prevista são acontecimentos "eventuais", os quais são pagos posteriormente, em forma de hora extra, ao trabalhador. Segundo o gerente do setor de tráfego da empresa São Benedito, Fábio Pereira, as situações relatadas não são observadas na empresa, principalmente porque a São Benedito trabalha com viagens de até 300 km, sendo os percursos realizados em poucas horas.

Já o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Intermunicipal e Interestadual do Ceará (Sinteronibus), André Eskinazi, afirmou, em nome da Guanabara, da Princesa dos Inhamuns e das demais empresas citadas, que as práticas denunciadas pelos motoristas não ocorrem de fato.

Fonte: João Moura
Fotos: Iana Moura/diario do nordeste

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