Técnica: Entenda o sistema Euro 5

Hoje o MOB Ceará apresenta mais um quadro. A série "Técnica" busca esclarecer alguns pontos relacionados à parte mecânica, principalmente dos ônibus.

Para dar início, vamos esclarecer aqui os pontos e as dúvidas relacionadas às normas de emissão de poluentes gerados por motores movidos a diesel. "Euro 5", "Proconve P-7", "BlueTec 5" e outros termos ligados ao tema serão abordados nessa matéria. Confira!


Termos conhecidos como "Euro 5" e "Proconve P-7" são relacionados às normas que atualmente regem os níveis de emissões de Monóxido de Carbono (CO), Óxidos de Nitrogênio (NOx) e Materiais Particulados (MP), entre outros elementos que prejudicam o meio ambiente, que são emitidos pelos motores dos automóveis.

Para que os motores atendam a esta norma, eles devem possuir algumas características mecânicas no que se refere ao tratamento dos gases emitidos.

As normas de Emissões 

Até meados da década de 1980, o Brasil não tinha nenhuma norma relativa a emissão de poluentes, enquanto diversos países se preocupavam com o futuro do meio-ambiente ao fundar diversas associações que normatizavam as emissões.

Em 1986, o Brasil também entra no grupo dos países dispostos a diminuir as agressões ao meio ambiente: Através do Conama - órgão responsável pelas políticas de meio-ambiente, o país criou o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que surgiu para orientar as empresas do setor automobilístico e as fabricantes de combustíveis a focar esforços na criação de tecnologias que reduzissem as emissões de resíduos gasosos.

A norma Proconve P-1 vigorou desde a fundação do programa até o ano de 1994, controlando apenas as emissões de gases nos ônibus e caminhões que circulavam pelo país. Com o passar dos anos os índices de poluentes tolerados foram diminuindo, com regulagens nos motores feitos na fábrica e a adição de alguns itens. Confira a evolução da norma Proconve:
  • 1994 - Proconve P-2: equivalente à norma europeia Euro 0 - Controlava apenas alguns ajustes no motor - regulagens feitas na fábrica, o que provocava a diminuição da emissão de poluentes;
  • 1996 - Proconve P-3: equivalente a norma Euro 1- Adicionou o Turbocompressor ao motor;
  • 2000 - Proconve P-4: equivalente a norma Euro 2 - Com Turbo e Intercooler
  • 2006 - Proconve P-5: equivalente a norma Euro 3 - Abandonou a utilização da bomba injetora mecânica e adotou um novo sistema de injeção de combustível eletrônica.
  • 2009 - Proconve P-6: equivalente a norma Euro 4 - Não vigorou devido à demora da industria nacional a se adaptar a resolução.
  • 2012 - Proconve P-7: equivalente a norma Euro 5 - aplicação de tecnologia de tratamento dos gases, utilizando de dois sistemas distintos: O SCR e EGR.

Os sistemas de tratamento de gases

  • SCR - Redução Catalítica Seletiva


O Sistema de "Redução Catalítica Seletiva" (SCR) é normalmente aplicado em veículos maiores e com maior capacidade de carga. Tem como característica principal, o pós-tratamento dos gases do escape, através da utilização de um aditivo chamado ARLA-32 (solução de uréia - 32% e água desmineralizada). O sistema converte gases tóxicos (como óxidos de nitrogênio) em materiais inofensivos ao ambiente (nitrogênio e água).

A maioria dos fabricantes de veículos pesados utilizam esse sistema de tratamento de poluentes, destacando a Volvo, a Iveco e a Ford, além da Mercedes-Benz com seu conhecido sistema BlueTec 5.



Esse sistema é amparado por um sistema eletrônico complexo, que busca atingir ao máximo a eficiência no controle das emissões.

O sistema dispõe, por exemplo, de uma tecnologia denominada OBD (On Board Diagnose) ou Diagnóstico Eletrônico de Eventos, que monitora a condição dos gases de escapamento e indica falhas no sistema de dosagem Arla-32.

O OBD ainda indica o nível do tanque do aditivo do sistema. Caso utilize algum produto inadequado ou tenha falta do produto no seu tanque, o desempenho do veículo será reduzido com corte de até 40% no torque.

  • EGR - Recirculação de Gases da Exaustão

O sistema "EGR" atua por meio de um sistema de recirculação de gases e é mais indicado para veículos menores.

O aumento das emissões de NOx está relacionado a elevada temperatura na câmara de combustão, e o sistema EGR tem por objetivo reduzir a temperatura através da recirculação uma parte dos gases do escape, que assim diminui a temperatura e consequentemente diminui a formação de NOx a níveis aceitáveis.

Assim, o material particulado é minimizado por meio de turboalimentação e catalisadores.



A tecnologia EGR também tem como vantagem a possibilidade de um melhor aproveitamento do espaço do chassi, pois não exige a instalação de tanque adicional para a Arla-32 e nem interfere no encarroçamento do veículo.


Combustível mais Limpo

A tecnologia SCR trouxe com ela outra mudança importante: A distribuição de Arla-32 e de óleo diesel S-10. Atualmente existem vários tipos de diesel no País, como o S-1800, S-550 e S-500 e a substituição deverá ser realizada gradualmente em percentuais até 1º de janeiro de 2014. O Diesel S-10 tem teor de enxofre máximo de 10 mg/kg (ou partes por milhão - ppm), portanto, mais limpo que os anteriores.

O combustível tem um papel importante na diminuição da emissão de poluentes, tanto que ele contribui com uma com redução de até 80% das emissões de material particulado (MP) e de até 98% das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx).

Os dois produtos (Diesel S-10 e Arla-32) são necessários para que o sistema proporcione os níveis de emissões determinados pelo Proconve 7.

Quais sistemas as montadoras utilizam?

Vamos mostrar abaixo os sistemas que as principais montadoras de chassi para ônibus utilizam em seus produtos para se adequar à norma Euro 5:

Mercedes-Benz - A marca da estrela de três pontas utiliza o termo "BlueTec 5" para se referir ao seu sistema SCR, que é utilizado na Europa desde 2005.



Volkswagen - A MAN Latin América, que tem o controle da marca Volkswagen para ônibus e caminhões, diversificou a utilização do sistema em seus chassis.

Enquanto o sistema SCR é utilizado nos micro-ônibus e nos chassis com motor traseiro, o sistema EGR é utilizado nos chassis leves e semi-pesados com motor dianteiro, como por exemplo, os modelos 15.190 e 17.230.



Volvo - A Volvo também optou por utilizar em seus motores a tecnologia SCR, utilizando o aditivo Arla-32.



Scania - A montadora sueca já utiliza o sistema SCR desde 2005 na Europa, e optou por utilizá-lo também no Brasil para entrar em conformidade com o Proconve P-7.


Agrale - Utiliza o sistema SCR em conjunto com seus motores MWM International e Cummins ISF



Iveco -  A Iveco utiliza em seu modelo CityClass o sistema EGR, enquanto o sistema SCR deverá ser utilizado no aguardado chassi semi-pesado S-170, que será lançado em breve.




A Norma Euro 6

A partir de 2014, uma nova norma entrará em vigor na Europa: O Euro 6 deverá tornar  ainda mais rígido o controle da emissão de poluentes por veículos automotores.

Em geral, para conseguir os resultados exigidos pela norma, as montadoras juntaram os sistemas SCR e EGR em um mesmo motor, diminuindo ainda mais as emissões de particulas nocivas, como o NOx.

Até o momento, não existe previsão de surgir no Brasil a norma "Proconve P-8", equivalente a Euro 6, já que a norma P-7 está há pouco mais de um ano em vigor no país.


Fonte: MOB Ceará

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