O ônibus desponta duas ruas acima e o alvoroço na parada ensaia. O
corre-corre seguido do empurra-empurra começa antes de as portas
abrirem.
Tudo para conseguir um lugar sentado ou o
menos apertado possível para enfrentar congestionamentos. “Saio de casa
5h30min pra chegar 7h no trabalho. Na volta, saio umas 16h30min. Quando
não pego engarrafamento, chego 18h. Quando tem, bote 19h”. A queixa da
garçonete Maria da Graça, 32, é similar a de outras 613 pessoas ouvidas
pelo Datafolha.
Pesquisa encomendada pelo O POVO constata a
insatisfação de 74% dos fortalezenses com o trânsito da Capital. Eles
consideram-no “ruim/péssimo”. 18% classificam-no como “regular” e 7%
falam em “ótimo/bom”.
Críticas que se manifestam em buzinaços,
xingamentos a quem está ao lado, reclamações aos órgãos responsáveis
pelo controle de tráfego... É observar uma via de fluxo intenso para
flagrar de um tudo.
Representantes da Prefeitura de Fortaleza
dizem que encaram o descontentamento popular com “muita serenidade”. Na
mesma pesquisa, apenas 1% dos entrevistados citou o trânsito como
prioridade para o próximo prefeito.
A volta às aulas complica o trânsito caótico de algumas regiões. Um dos motivos são as irregularidades cometidas pelos pais e motoristas de transporte escolar. |
Presidente da Autarquia Municipal de
Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), Ademar Gondim
qualifica o trânsito da Capital como “compatível com o tamanho e o
perfil da cidade e a quantidade de obras hoje”. Segundo ele, não há rua
ou avenida no chamado “nível F” de criticidade (o maior, quando o fluxo
para totalmente). O máximo por aqui seria o “E” (com congestionamento,
mas andando).

Coordenador do
Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa
aponta o crescimento da frota de veículos como problema. Até junho
último, eram 807.317 unidades. Em 2004, eram 441.949. Os dados são do
Departamento Estadual de Trânsito. “A velocidade das intervenções não
consegue acompanhar a velocidade do crescimento da frota. A distância é
muito grande”.
Por mês, cerca de seis mil novos veículos
entram na cidade. “Essa decepção da população é real, mas estamos
otimistas. As intervenções da Prefeitura e do Governo vão trazer uma
transformação muito positiva pro nosso cotidiano. Tanto pra quem usa o
transporte público quanto pra quem usa o individual”, diz.
Fonte: Bruno de Castro - O Povo
Fotos: Acervo MOB Ceará/ Sara Lima/ Fábio Lima
Fonte: Bruno de Castro - O Povo
Fotos: Acervo MOB Ceará/ Sara Lima/ Fábio Lima