Capital pode ficar sem ônibus nesta semana

Os motoristas reivindicam reajuste salarial de 23%, plano de saúde e incremento na cesta básica
"Fortaleza está à beira de uma nova greve". A afirmação, feita ao microfone por um representante do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sintro-CE), na manhã de ontem, no terminal do Siqueira, gerou apreensão entre os usuários do transporte coletivo.

Em estado de greve desde o último sábado, membros do Sintro-CE pretendem visitar, até a próxima sexta-feira, garagens de ônibus para se reunir com a categoria. Além disso, informou o presidente do sindicato, Domingos Neto, os terminais da Capital serão visitados para que a população seja alertada sobre a possibilidade da greve.

São três as alternativas que o Sintro-CE pretende adotar nos próximos dias: paralisação temporária, garagens fechadas e assembleias nas portas das empresas. A próxima reunião entre o Sintro-CE e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) será na próxima sexta-feira.

Os primeiros alertas de uma possível paralisação dos motoristas de ônibus da Capital continuaram a ser transmitidos durante a tarde de ontem, no Terminal do Papicu. Geraldo Lucena, diretor de patrimônio do Sintro-CE, enfatizava a possibilidade real de paralisação dos motoristas do transporte coletivo. "Queremos deixar a população a par de que Fortaleza a qualquer momento pode parar".

O estado de greve, informa Domingos Neto, é resultado da falta de consenso nas últimas cinco rodadas de negociação entre o Sintro-CE e o Sindiônibus. Enquanto os motoristas reivindicam um aumento salarial de 23%, os empresários oferecem 6,3%. A categoria também quer plano de saúde, aumento no valor do vale refeição, incremento da cesta básica e o pagamento de horas extras.

Segundo o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, as últimas negociações não resultaram em acordo porque o reajuste reivindicado não é "razoável". Conforme Barreira, o Sindiônibus oferece reajuste de 6,3% e participação nos resultados equivalente a 25% do salário base. Quanto à reclamação sobre as horas de intervalo não contabilizadas na jornada de trabalho, Dimas afirma que os intervalos não são consideradas, mas que não se pode generalizar as situações.

Consequência
Ontem à tarde, no Terminal do Papicu, cerca de 40 ônibus se encontravam parados. Em contrapartida, as filas estavam completamente lotadas. "Não temos culpa. Estamos aqui e os ônibus estão parados. Os patrões não querem pagar hora extra", afirma Geraldo Lucena.

Segundo a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), o comentário do sindicalista não reflete a verdade. Dados do monitoramento realizado pelo órgão mostram que a operação dos coletivos fluiu normalmente, sem paralisação. A assessoria de imprensa da Etufor informa que o operador de ônibus, como qualquer outro profissional, tem direito a um intervalo para lanche, previsto no quadro de funcionários.


Fonte: João Moura e Elieldo Trigueiro
Foto: Marília Camelo

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