Ônibus é movido a excrementos de galinha
Um ônibus movido a titica de galinha... Não é piada: é uma realidade
na Europa, que chega ao Brasil oficialmente esta semana. Em parceria com
a Itaipu Binacional, a Scania apresenta um ônibus movido a biometano,
um biogás produzido a partir dos dejetos das penosas.
A ideia surgiu ano passado, quando o fabricante trouxe, da Suécia, o
chassi 6x2 da linha K movido a gás natural veicular. Itaipu, que já
produzia biometano para geração de eletricidade e combustível, fechou a
parceria com o fabricante.
O motor traseiro de cinco cilindros e 9,0 litros é ciclo Otto e foi
projetado para queimar GNV. Ganhou câmara de combustão especial, que não
deixa resíduos de metano e queima 100% do combustível.
Com isso, e mais um mapeamento eletrônico diferente, a Scania
conseguiu ter, no propulsor, força em baixas rotações e uma curva de
torque similar à de um ciclo Diesel.
O nível de pureza do biometano também ajuda. O processo todo começa
na Granja Haacke, em Santa Helena (PR), a 100km da Usina de Itaipu.
Lá, 180 mil galinhas garantem a produção de ovos e de... excrementos.
Estes são captados por dutos especiais e levadas a um biodigestor.
Então, os dejetos são degradados por colônias de microorganismos e é
gerado biogás e biofertilizante.
O biometano passa por uma filtragem para eliminar outros gases e
garantir 90% de pureza. Depois, são envazados em cilindros e
transportados até um posto de abastecimento dentro de Itaipu.
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— O ônibus é muito mais silencioso, e tem um desempenho muito similar
o de um movido a GNV — garante Cícero Bley Junior, diretor de Itaipu.
PROCESSO DE PURIFICAÇÃO
O biometano combustível produzido já abastece oito caminhões da frota
da granja e o ônibus Scania que transporta alunos dentro da área da
usina. O abastecimento se dá como em veículos movidos a GNV. Bombas,
bicos e cilindros são iguais aos usados para o gás natural.
O motor rende 320cv de potência para mover o ônibus de 15m e
capacidade para 120 passageiros. Segundo os engenheiros, o chassi
similar a diesel tem 340cv. O consumo, garantem, é melhor: chega a
15km/m³ (um coletivo a GNV faz 5km/m³ e, a diesel, 3km/l). E o preço na
bomba seria equivalente ao do GNV atual.
Outra vantagem é ambiental. O motor atende às normas Euro VI e
promete emitir menos da metade dos níveis máximos permitidos na Europa
de material particulado e óxido de enxofre.
— O motor foi usado do jeito que chegou da Suécia e não encontrou
dificuldades com o biometano daqui. Significa que estamos prontos para
produzir biometano — comemora Silvio Munhoz, diretor de vendas da
Scania.
Uma frota maior movida a biometano — como já ocorre em países da
Escandinávia e do norte da Europa — ainda é um projeto a longo prazo. Os
entraves maiores são o alto custo dos equipamentos para processo do
combustível, como o filtro de biogás, que custa R$ 180 mil cada.
Quanto ao ônibus, o diretor da Scania diz que não vê altos custos para a produção de veículos deste tipo.
Até porque este modelo da Linha K tem 80% de peças em comum com o chassi feito no Brasil movido a diesel.
Fonte: O Globo
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