Engerauto Ford: O Padron Popular

O poder público, quando faz o papel de guardião dos interesses dos cidadãos, costuma ser generoso nas especificações técnicas, por exemplo, dos ônibus. Um ato louvável, o problema é que na hora de pagar a conta, o governo quase sempre é parcimonioso. É de duas uma: quem paga a conta é o usuário ou o frotista. Como nem sempre o usuário tem condições de assumir o custo por um melhor transporte, cabe geralmente ao frotista o ônus do prejuízo.


Foi com o enfoque centrado nesse dilema que a Ford e a Engerauto desenvolveram em parceria um ônibus urbano de bom porte, dotado de três amplas portas, porém convencional, ou seja, dotado de motor dianteiro. Fernando Barata de Paula Pinto, responsável pela gerência executiva regional da Ford, conta como nasceu a ideia de desenvolver a partir do chassi B1618 uma carroceria com três portas.

“Os empresários privados de Fortaleza, estavam procurando um ônibus com motor dianteiro para operar no corredor que oferecesse uma relação custo/benefício compatível com o poder aquisitivo dos usuários”, lembra. O executivo da Ford recorda também que desenvolvimento levou em conta a exigências da capital cearense em relação à ergonometria, conforto e baixo nível de ruído: “Com este ônibus queremos mostrar que é possível atender aos requisitos exigidos pelo poder público”. 

Em Fortaleza, especificamente informa Francisco Feitosa, presidente do Setpec, Sindicato Cearense das Empresas de Ônibus, o poder público está aceitando “sob liberdade vigiada” a adoção de chassi com motor dianteiro nas linhas interbairros. “Transferimos o veículo com motor traseiro para as linhas troncais. Nas linhas interbairros estamos operando com o motor Mercedes-Benz 1618 encarroçado com três portas”, observa.



“Por ser um veículo mais em conta podemos compatibilizá-lo com a política tarifária da cidade”. O poder público na capital cearense não cobre eventuais déficits operacionais. Ainda que sob liberdade vigiada, Fortaleza é receptiva ao desenvolvimento Ford/Engerauto. 

Por isso a peregrinação do veículo deverá ter sua primeira parada de demonstração em Belo Horizonte. Edson Ceccato Conta que o Transport II com três portas foi desenvolvido obedecendo a parâmetros do Padron I, que preveem, por exemplo, portas de 1,10 m de largura.

“Conseguimos montar porta larga sem alongar o balanço dianteiro”, explica. Segundo ele isso foi possível em função do design da carroceria. Dessa forma assegura Ceccato, a Engerauto conseguiu compatibilizar uma carroceria de três portas, sem alterações nas suas características originais. “Podemos oferecer um Padron tipo I, com portas largas montado sobre um chassi tipo convencionais com motor dianteiro”, acrescenta.

Fonte: Technibus Jun/Jul 1994
Fotos: Technibus
Montagem: J. Machado

3 Comentários

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  1. Essa " liberdade vigiada" era tudo que o empresariado queria para retroceder. Voltar com os dianteiros e abolir de vez os padrons. Como a população em geral não difere um troncal de um cabrito e o poder público fechou os olhos o circo se formou.

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  2. A alguns anos atrás ainda tinha alguns desse modelo operando no Exército, mas com uma só porta. Também foram populares em Manaus, pelo que eu me lembre com duas portas.

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