CTC: As várias faces de uma grande empresa - Parte I

Na esteira das comemorações dos 20 anos do SIT, o grupo MOB Ceará apresenta a cronologia de uma das empresas mais admiradas em toda a história do transporte coletivo de Fortaleza: A CTC.


Na edição de hoje vamos mostrar um pouco das curiosidades que envolveram a inauguração e seus primeiros anos de atividade.

A Companhia de Transportes Coletivos - empresa de capital misto em que o sócio majoritário é a Prefeitura de Fortaleza, foi criada na década de 1960 para ser a mediadora do sistema de transporte (papel que hoje é exercido pela ETUFOR) ao mesmo tempo que explorava algumas linhas, como as outras empresas que ja existiram.

A CTC tem data de criação à 30 de Setembro de 1964 e em 06 de Setembro de 1966 ela foi organizada - inclusive com o registro na Junta Comercial, para começar a explorar diretamente o transporte coletivo como mais uma empresa de ônibus da época. A organização foi concluída em 25 de Fevereiro de 1967, dia em que foram iniciados os testes de seus primeiros ônibus.

Durante a organização, entre muita papelada e burocracia, foi aberta a licitação de compra dos primeiros ônibus da Empresa, que também foram os primeiros trólebus (ônibus elétricos) da Cidade de Fortaleza. A encarroçadora paulista Massari ganhou a licitação e colocou à disposição da CTC nove modelos Massari/Villares de 12 metros de comprimento.


Em 25 de Fevereiro de 1967, em alto estilo, foi inaugurada a Companhia de Transportes Coletivos, com direito a exposição dos sete primeiros ônibus elétricos na Praça do Carmo, que fica no Centro da Cidade.



As primeiras linhas operadas pelos ônibus foram: Praça do Carmo/Parangaba e Praça do Carmo/São Gerardo.
Os tais ônibus foram a sensação da época e eram cercados de curiosidades, como o rigor na seleção dos motoristas, que eram treinados em Recife e não podiam ter nenhum vício, além de fazerem testes de "idoneidade moral" para servir melhor os passageiros.



No início do ano de 1967 o Jornal O Povo publicava: "Para o funcionamento regular dos “elétricos”, a Companhia de Transportes do Ceará - CTC colocará em funcionamento duas subestações transformadoras, sendo uma localizada á Avenida João Pessoa, a altura do Colégio N.S. Auxiliadora, e outra na Avenida Bezerra de Meneses."

Uma aproximação das cores dos elétricos da CTC está no desenho abaixo. Confira:



Desde a inauguração já eram fortes as especulações sobre a extinção do sistema de trólebus de Fortaleza, por causa do alto custo de manutenção e do baixo retorno financeiro.
O fim dos elétricos foi consumado em 1971, quando os ônibus foram enviados para a CMTC de São Paulo.
Durante o processo de venda dos elétricos, a CTC promoveu em Setembro de 1971 a licitação da compra de dez ônibus movidos à diesel. A marca ganhadora foi a Caio-Norte de Recife, que enviou as unidades solicitadas com o modelo Bela Vista. Eles eram montados sobre o chassi Mercedes-Benz LPO-1113 e chegaram à Fortaleza ainda em 1971.




Com a aquisição desses novos ônibus foi iniciado o processo de renovação da frota da empresa que ocorreu por toda a década de 1970.
Enquanto explorava algumas linhas, a CTC também exercia seu papel de controladora, cedendo concessões para outras empresas e criando ou extinguindo linhas. Em 1972 foi criada a linha "Circular Aguanambi", que no início seria uma linha exclusiva da CTC, mas logo tornou-se uma parceria entre a empresa municipal e a Empresa São José de Ribamar. 

As duas se mantiveram juntas na linha até a década de 2000, quando a parte da CTC foi privatizada. A São José de Ribamar se manteve quase ininterruptamente na linha até o último dia 03 de Julho.


Em fins de 1977, a CTC trás à Fortaleza os primeiros Caio Itaipu - versão especial do Caio Gabriela II com revestimento externo em alumínio e chassi Mercedes-Benz OH-1313.

Em 1978 eles receberam a caracterização dos ônibus expressos.

“Parecidos com os executivos, [os ônibus expressos] cumpriam seus itinerários sem paradas no meio do caminho e só levavam passageiros sentados. [...]

A alternativa agradou principalmente aos empresários, porque nos expressos não existia meia passagem e os carros saiam com lotação completa da Praça José de Alencar”
(Livro De Ônibus – Cento e Quarenta Anos nas Estradas e Cidades de Ceará)


Ainda em 1977 a CTC surpreendeu ao trazer o único Ciferal "Urbano" de sua frota.
Ele era montado sobre chassi Mercedes-Benz LPO-1113 e ganhou o número 08.

No fim da década de 1970 a CTC passou por um período marcado por reclamações dos usuários, por causa do estado de conservação de seus veículos. Está má fase chegou até a segunda metade da década de 1980.

Em 1981, o Jornal O Povo já noticiava a má gestão que a CTC sofria. “Vários ônibus estão fora de circulação. Viraram sucata”.

Porém em 1983 a CTC mostrou sua intenção de promover mais uma renovação da frota trazendo seis Caio-Norte Amélia com chassis Mercedes-Benz LPO-1113, estes veículos permaneceram na empresa até 1991.







A grande surpresa nesta década foi a chegada do inédito Marcopolo Padron. Construido em conformidade com o Projeto Padron elaborado pelo Geipot no fim da década de 1970.









O Marcopolo Padron marcou por inaugurar em Fortaleza o pesado chassi Volvo B-58. A CTC adquiriu as três unidades do modelo na cidade de Santos-SP, em 1986, porém eles foram fabricados em 1982.

Continuando com as renovações da sua frota, a CTC trouxe em 1988 mais duas unidades com chassi Volvo-B58, desta vez com a carroceria Ciferal Alvorada.


Esta foi uma carroceria bem sucedida dentro da empresa pois na década de 1990 a CTC ainda adquiriu vários ônibus com carroceria da marca carioca.


O ano de 1989 foi o anúncio do que a CTC viria a se tornar: Foi uma das maiores renovações de frota que a empresa realizou em toda sua história. Foi neste ano que a empresa adquiriu os primeiros - de vários, Caio Vitória.


Com a chegada dos articulados no final de 1989, a CTC mais uma vez inovou no segmento de ônibus urbanos.


No dia 31 de dezembro, em solenidade, a concessionária Apavel entregou ao Prefeito Ciro Gomes, os dois primeiros (053 e 054) de um total de quatro ônibus modelo Thamco Águia articulado com chassi Volvo B-58 e caixa manual de seis marchas. No ano seguinte os outros dois (055 e 056) foram incorporados à frota.


Os ônibus começaram a circular nas linhas Messejana/Barra do Ceará e Barra do Ceará/Cais do Porto. Durante o desfile de inauguração da nova frota da CTC, estavam presentes além dos articulados, vários dos Caio Vitória com chassi Mercedes-Benz OF-1315, adquiridos no mesmo período.


O ano de 1989 denunciou apenas o início das novidades que estavam por vir na década seguinte, a década áurea da CTC.

Não perca amanhã a segunda parte da matéria sobre a história da CTC.

6 Comentários

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  1. Eu ainda peguei, essa fase de sucateamento da CTC, nos anos 80! Eu me lembro dos caio gabriela, sem a tampa do mecanismo de abertura das portas, limpadores de para-brisa quebrados, teto rachado, piso furado que dava para você ver a pista! Eu constatava tudo isto, ao pegar esses ônibus, que faziam a linha 315, que na época tinha a denominação Messejana/Itaperi. Com pouquíssimos ônibus, digitasse de passagem! Quatro na semana e dois nos finais de semana. Penavam muito, as pessoas que precisavam utilizar essa linha, naquela época!

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  2. Olá amigos!
    Essa matéria me interessou bastante. Principalmente por falar dos antigos trólebus Massari. Moro próximo da antiga fábrica, em Itaquaquecetuba-SP. Gostaria de saber se vocês podem me enviar o desenho do Massari em PNG e em branco para o meu e-mail [email protected]
    O desenho que está aqui está em JPEG, e não dá pra fazer outra pintura e nem editar!

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  3. O Ciferal Urbano de acordo com afirmações do Francisco Souza Santos teve o prefixo 35 quando ele viu uma foto de jornal que postei onde há um Ciferal Urbano, um Monobloco O-362 da Trans Real e um Jaraguá da ENSFAL.

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  4. Muito produtiva a reportagem, mas, gostaria de acrescentar que até agora em nenhum blog de busologia (desde esse, o mais conceituado na minha modesta opinião, e os tantos outros) falaram ou postaram fotos da pintura da CTC vermelha e preta, da época de 1989 a 1991 mais ou menos, acho que na gestão Maria Luíza Fontenele salvo engano! A Logo da prefeitura de Fortaleza era até um bonequinho parecido com uma estrela! Peguei muito ali na "guararapes" pra ir pro colégio no Monte Castelo, ou pro Iguatemi aos Sábados! E só acrescentando, antes da criação do SIT, o fim da linha do Antonio Bezerra Unifor, não era no António Bezerra, nem sequer em Fortaleza, mas sim no Frifort, que ficava no Tabapuá já em Cascais! #CuriosidadesDaCTC

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  5. Master User, eu me lembro dessa pintura. Mas ela não era vermelha com preto. Mas sim, essa pintura era amarelo manga com preto. E com aquele bonequinho vermelho, que você disse em forma da estrela do PT,na parte traseira do ônibus. Logo acima da placa. Já que a então prefeita, realmente, era a Maria Luíza Fontenele que era do PT. E eu me lembro, pelo menos, de quanto ônibus com essa mesma pintura! Um era o 22 um Caio Gabriela LPO 1113. O outro era o 13 um outro Caio Gabriela só que com motor traseiro, OH 1313. Ambos na época, operando na linha 315. Denominada naquela época de MESSEJANA / ITAPERI. E também dos dois primeiros Ciferal Alvorada da empresa, o 31 e o 32. Dois belíssimos Volvo B58 com duas portas. O 32 vi fazendo ainda com essa pintura, na linha 013 Aguanambi 1. O que? O fim da linha do Antonio Bezerra Unifor, não era no António Bezerra, nem sequer em Fortaleza, mas sim no Frifort, que ficava no Tabapuá? Muito curioso isso, cara! Taí uma coisa que eu não sabia.

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