Túnel do Tempo

Há 5 anos atrás 

Oitenta mil carteiras de estudante em circulação na cidade foram canceladas ontem pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza S/A (Etufor). A medida, conforme informação do órgão municipal, atingiu basicamente as cédulas estudantis pertencentes a pessoas que não tiveram seus nomes confirmados por instituições de ensino para o processo anual de revalidação das carteiras. Esse procedimento vem sendo posto em prática desde o ano passado pela Etufor. 

O bloqueio pegou muita gente de surpresa logo pela manhã. As pessoas não entenderam a razão do documento não funcionar na hora de pagar a passagem em ônibus e veículos de transporte alternativo. A maior reclamação dos usuários era a de que não houve divulgação antecipada para o público sobre o cancelamento, o que chegou a deixar algumas pessoas em dificuldade, por só dispor dos R$ 0,80 para pagamento da meia. 

Segundo Demitri Cruz, chefe da coordenadoria de Participação Comunitária da Etufor, as reclamações só ocorreram porque dessa vez o bloqueio atingiu um lote maior de carteiras, mas essa é uma medida que já vinha sendo adotada no decorrer do ano passado, a cada vez que o banco de dados do serviço de emissão dos documentos era atualizado. Cruz disse que o sistema é alimentado com as informações enviadas pelas escolas sobre os alunos matriculados. 

Ele admite que, em meio a um processo que envolve 600 mil pessoas, é possível que tenha ocorrido algum erro. Sendo assim, o estudante prejudicado injustamente deve apresentar uma declaração da escola na qual está matriculado confirmando sua condição de aluno. Assim, ele poderá revalidar sua carteira. O atendimento está sendo feito nos postos disponíveis na sede da Etufor (avenida dos Expedicionários, 5677, na Vila União) ou nos terminais da Parangaba e do Papicu. 

A empresa está disponibilizando no site www.etufor.ce.gov.br um serviço para consultas sobre a situação das carteiras de estudante. As informações também podem ser prestadas pelo telefone 0800.280.1510 (ligação gratuita). Em princípio, Demitri Cruz diz que a meta foi bloquear carteiras pertencentes a pessoas que não são mais estudantes e continuavam usufruindo irregularmente do benefício de pagar meia passagem. 

Ele informa que a avaliação e a conferência dos cadastros enviados pelas escolas foi um procedimento bastante demorado, a fim de permitir que o bloqueio dos irregulares pudesse ser feito com segurança. Ele acrescenta que desde que o processo de revalidação das carteiras foi adotado, no início de 2006, que as entidades estudantis e as escolas foram informadas dos procedimentos que lhes compete nessa questão. 

Os usuários com a carteira bloqueada e que não tinham dinheiro para pagar o valor da passagem inteira, tiveram de descer do ônibus pela porta traseira. "Foi humilhante", disse um usuário que preferiu não se identificar. Sobre isso, Paulo César Vieira, superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus), disse que as 80 mil pessoas atingidas pela medida vinham pagando meia irregularmente e, portanto, na hora que a Etufor adotou o bloqueio, as empresas teriam de cumpri-lo. "De nossa parte não poderíamos conduzir essas pessoas até o destino final pagando meia passagem, se elas já perderam esse direito. Do contrário, o cobradores teriam que tirar do bolso para complementar a renda", explicou. 

O CIDADÃO - CONSTRANGIMENTO E VERGONHA
Vergonha e ao mesmo tempo raiva pelo constrangimento que passou no interior do coletivo. Assim, a funcionária pública Isa Leite, 52, definiu o que sentiu ao pegar o ônibus para ir ao trabalho ontem e, ao chegar a roleta, ser informada pelo cobrador que sua carteira havia sido bloqueada. "Se eu tivesse só os R$ 0,80 da passagem, onde ia colocar minha cara?", disse ela, lamentando a falta de informação ou um simples aviso à população por parte da Etufor, esclarecendo a medida. Isa disse ainda se sentir injustiçada pelo cancelamento de sua carteira, uma vez que continua  estudando para concluir o ensino médio, por meio de telecurso ministrado na repartição estadual que trabalha.

Fonte: Rosa Sá/Jornal O Povo
Foto: Etufor

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